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Mostrando postagens de junho, 2009

Agite antes de usar

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Muitas pessoas costumam acreditar que o amor e, especialmente, as paixões são coisas passageiras e que não merecem cuidados ou atenções especiais. Eu não. Aliás, não só não acredito nisso, como acho que as paixões deveriam vir junto com advertências oficiais. Para isso fui pesquisar o assunto e descobri que algumas usadas em outras situações se aplicariam muito bem. Do elevadores poderíamos usar o texto : "antes de entrar nesse amor, assegure-se de que o mesmo encontra-se parado nesse andar" . Esse simples cuidado pouparia muitas pessoas de se apaixonarem por outras que não estão dando a menor bola para elas. Resolveria todos os problemas de rejeição e amores não correspondidos. Por outro lado daria prejuízo para os psicólogos. Da indústria farmacêutica várias situações são aplicáveis. A mais importante delas é que todo amor deveria vir com a lista de possíveis efeitos colaterais, ou seja, se você embarcar nessa nunca vai poder dizer que não sabia o que poderia acontecer. Al

Corroendo analogias

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Tema : Mata a cobra e mostra o pau. Variações Mostrar a cobra é que seria normal Coitadinho do animal Anti-ecológico e cara-de-pau Não tem dó de picapau Depois verseja no sarau Um programa dominical Uns penduram no varal Outros preferem o jirau Gera um medo irracional Insanidade colossal

Ponto de encontro

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Ponto de encontro esquecido Perdido no tempo-distância Ânsia de ver Ânsia de ser Exato Ponto de encontro passado Ser capaz de um dia esquecer Vontade de achar Vontade de amar Sem nexo Ponto de encontro afastado Desperdiçado em dias Solto no escuro Solto e não mudo O fato Ponto de encontro na tela O dedo aperta o gatilho Máquina roda Som na vitrola E mudo Encontro do ponto de fuga Começa nova sessão Foto na tela Rosto que é dela Poema

Conticulóides desastrosos

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Solecismos Andréa era professora de português. Amava de tal forma João que jamais implicou com os seus constantes erros gramaticais. Seus colegas e alunos não se conformavam com esse estranho romance. Um dia descobriu que ele a estava traindo com uma colega etimologista. Matou-o com três tiros. Tolerava barbarismos, mas não essa barbaridade. Sismos Encontrá-la foi como se o chão tivesse se aberto debaixo dele. Todas as suas certezas, todos os seus hábitos e todos os seus paradigmas ruíram repentinamento e ele se deixou levar pelo calor da lava no centro da terra. Mas foi expelido numa erupção de fúria e, cristalizando-se, tranformou-se apenas numa rocha inerte. Terrorismos Marcela era irritantemente ciumenta. Nem com todo o amor do mundo Sílvio sabia mais como lidar com isso. Apelou para o sarcasmo. Cada vez que ela lhe perguntava algo ele respondia com brincadeiras a respeito de suas outras 18 namoradas. Ela tinha ganas de enforcá-lo mas não se deixava vencer. Um dia ele acordou alge

Desvendando o inconsciente

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O mundo realmente é formado por pessoas ingênuas que acreditam em qualquer besteira que alguém diga, desde que a besteira pareça crível ou totalmente incrível. O que as pessoas não suportam são os estados intermediários entre esses dois pontos. Uma coisa parcialmente crível ou parcialmente incrível costuma gerar dúvidas e as pessoas detestam qualquer teoria que as obrigue a pensar. Se, para completar, a besteira é dita por alguém que consiga manter uma aparência de credibilidade, melhor ainda pois, além de se qualificar como algo que dispensa raciocínio, ainda pode ser repetido citando-se uma fonte academicamente aceita. Veja por exemplo a teoria do inconsciente coletivo. A versão oficial sobre esse conceito é a de que é a camada mais profunda da psique humana, constituída pelos materiais que foram herdados por toda a história da humanidade. Seria nessa camada que residiriam os traços funcionais (imagens virtuais) que seriam comuns a todos os seres humanos. Bonito, não é mesmo? Pois é

Non imprimatur Basílio

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No momento em que o badameco adentrou o pacoval como se fugisse do aresto nunca pensou que sua artralgia acabaria gerando anasarcas. Naquele momento pesou que fosse uma anga que provocava amelopia, ou uma páfia nefalista. Não se tratava de uma balda qualquer. Pensou em se inumar em algum canto lôbrego. Estava poento e coberto de pituí. A faina o deixara azarolado. Escandiu aravias com a impostação dos noitibós. Famanaz, alçou as entrepernas e, sem aforro mirou o píncaro antélio. De repente, topou com uma regada coberta de arômatas. Veio-lhe à cabeça uma écloga metagógica como um cainho. Sobressalteado mofou do arenã e retomou seus piténs e cacundês. Basílio de Magalhães (1874-1957) nasceu em Barroso (MG), localidade na época parte do município de Barbacena. Atuou como jornalista, professor, administrador, político, vindo a falecer na cidade de Lambari-MG. Escreveu vários livros e deixou diversos escritos, entre discursos, artigos, prefácios, etc. Foi fundador da Academia Brasileira d

Um baile

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Tu, ontem, Na dança Que cansa, Voavas Co'as faces Em rosas Formosas De vivo, Lascivo Carmim; (Casemiro de Abreu) Houve um tempo em que não passava de um sonho. Uma imagem clara, ainda que distante, num grande salão. Tocava a valsa e ela rodava na minha cabeça. E eu a amava nos meus sonhos. Veio o tempo em que se tornou real e palpável. Muito além de mera reflexão, numa sala de largos tacos. Tocava o bolero e eu a conduzia pela mão. E eu a amo bailando nos meus braços. Virá o tempo em que se eternizará em mim. Uma fusão presente nas pistas da emoção. Tocarão todos os ritmos e iremos de braços dados E eu a amarei no salão de bailes da minha vida.

Contículo irônico

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Clarisse e Lídia se adoravam. Colegas de classe, nunca perdiam a chance de cutucar uma à com a sutileza de um elefante numa loja de cristais. A cada encontro entrebeijavam-se porque não podiam se morder. Como aquela tarde numa das mesas da cantina. Clarisse escorregou no piso molhado e esborrachou-se com as nádegas no chão. Lídia logo acorreu em sua direção : " - Está tudo bem ?" " - Estou muuuito bem!" redarguiu Clarisse, "melhor só se depois disso você me desse um pontapé". "- Você está intolerante hoje", Lídia comentou com um riso entre os dentes. " -Não diga, meu amor! Isso só acontece quando dou esse tipo de espetáculo" "- Sei lá, acho que esse tombo foi só para disfarçar o fato de que você foi tão bem na prova que nem tirou a nota mínima" " Nem poderia mesmo. "A excelente Dona Inácia é mestra na arte de maltratar seus alunos." " Meu anjinho, briga com todos que estão por perto." Antes que as dua

Traição romântica

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Admito que estou chegando no limite da petulância. Trair Byron pode me trazer alguns desafetos. Mas a traição é um vício difícil de curar: Anda à noite a sua beleza Límpida, lépida e brilhante No melhor das trevas acesa Reflexo do olhar radiante Aquecer o céu tal pureza Que a aurora prefere distante. Seja mais sombra, menos luz Algo velava aquele encanto Qual onda nas trevas reluz Do seu olhar fez recanto Que doces memórias conduz Ao lar, querido e sacrossanto Naquela face, só seus olhos Eloquentes em meio à calma Vencem o riso, somem abrolhos Triste dia na mão se espalma Em paz removem tais escolhos Descansa inocente minh´alma Tudo bem, você prefere o original, aí vai : She walks in beauty She walks in beauty, like the night Of cloudless climes and starry skies; And all that's best of dark and bright Meet in her aspect and her eyes: Thus mellowed to that tender light Which heaven to gaudy day denies. One shade the more, one ray the less, Had half impaired the nameless grace Whic

Nunc et semper

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... o rei a escolhera como parceira intelectual e amante. Amor que começa como adoração é o que fica. (Luís Fernando Veríssimo in Um rei secreto) No dia que Elisabete chegou à ilha ela logo reparou que as nuvens encobriam o topo do morro. Achou estranho. A topografia não era tão íngreme para que isso acontecesse. Mesmo assim não era possível ver o pico. Instalou-se na casa. O barqueiro ajudou a descarregar as caixas com mantimentos. Ela pagou o homem e combinou dele vir buscá-la um mês depois. Finalmente estava isolada do mundo. Depois de algum tempo sentada na grama, resolveu explorar aquela que seria a sua moradia pelos próximos 30 dias. Encontrou tudo no lugar, como tinham contado para ela. Inclusive as orientações sobre o funcionamento do gerador, que ela não pretendia usar, e do rádio, caso acontecesse alguma emergência. Apesar de afastada do mundo, a casa tinha algumas conveniências modernas. O fogão era à gás (que também alimentava o aquecedor de água), a cozinha era bem equipa

Desaforados aforismas

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Não me julgue pela aparência. Por dentro eu sou muito pior. Autocondescendência é a melhor definição de auto enganação. As histórias de amor não deveriam ter fim* Quem conta um conto diminuindo um ponto está cheio de más intenções. Nunca jogue seus problemas para o alto, eles voltam na sua cabeça. Sucesso por acaso é a ilusão dos incompetentes. O que aparece nem sempre é o que parece. Dizem que nada dura para sempre. Eu me preocupo é quando o sempre não dura nada. *Esse não é meu, mas da minha prima Virginia, mas achei tão bom que precisava publicar.

Quadrilha à pururuca

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Eu não sou dado a competições. Já houve um tempo em que eu me degladiava por uma mísera medalha de lata (algumas ainda estão aqui enferrujadas em alguma gaveta), não sei as mudanças ideológicas ou a idade me afastaram desse tipo de rinha. Não me acho melhor ou pior por ganhar ou perder alguma coisa. Outra atividade que não faz parte do meu repertório são as festas juninas. Aquele negócio de se caricaturar de caipira do século passado e passar a noite comendo pipoca e bebendo quentão está longe de ser um programa atrativo. Mas confesso que eu fiquei tentado a participar do concurso de música junina de São Luiz do Paraitinga. Pensei em levantar nos meus arquivos de memória as duas ou três melodias que eu assassinei na minha adolescência, fazer uma transcrição para viola e me candidatar. Afinal, não é todo dia que uma premiação me apetece como a desse concurso. Quando digo apetecer eu não estou sendo metafórico, mas literal. Quando vi o cartaz anunciando o evento fiquei com água na boca.

Mistura e manda

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Algumas vezes a criatividade nada mais é do que promover a combinação de coisas que eram julgadas como incompatíveis. Certamente muita gente deve ter torcido o nariz quando primeiro cuca resolveu colocar um molho doce num prato salgado, para depois sair elogiando a novidade. Muitas das receitas de grandes chefs que eu experimento fazer tem essa característica. Já fiz pato com molho de café (da Carla Pernambuco), já misturei suco de limão com creme de leite (para muitos uma heresia) e um dos pratos recorrentes aqui em casa é o lombo de porco com mel e alecrim (grande invenção do Bassoleil) Diante de uma peça de filet mignon que eu tinha no freezer fiquei pensando no que fazer que não fosse simplesmente a repetição de pratos anteriores. Concluí que deveria assá-la e, depois, pensar num molho que fosse diferente. Comecei com a minha receita de filet com azeitonas. Temperei a carne com sal e pimenta-do-reino, depois fiz um caldo com azeite, alho, louro, alecrim, salsa e cebolinha e derram

Victoria, et pro victoria vita.

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Por mais que eu tentasse entendê-la sempre tive as minhas dificuldades. Ela era um mistério para mim. Mais de uma vez perdi alguma das minhas partes. Ela me ameaçava: decifra-me ou devoro-te. Eu, ingenuamente aceitava o desafio. Primeiro levou meus pensamentos. E, sem eles, minha capacidade de desvendar suas charadas ficou ainda mais limitada Depois começou a se apoderar do meu corpo, pedaço por pedaço, de uma forma que eu não podia sequer me mexer sem sentir a sua presença. Me propôs anagramas. Eu sonhava com letras sobrevoando minha cabeça. Não demorou muito ela carregou meus sonhos. Como se esses não lhe bastassem, em seguida se apoderou também dos meus devaneios. O golpe final foi quando ela me propôs um enigma onde estaria em jogo tudo ou nada. Claro que ela venceu. E levou o meu coração. Hoje, nada mais tenho para apostar. Mesmo assim me sinto o maior vitorioso do mundo.

Minha nova namorada

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Arranjei uma namorada às vésperas do dia dos namorados... Não é todo dia que eu tenho essa oportunidade, mesmo porque não a ando procurando por aí. Admito que caiu nos meus braços sem que eu minimamente esperasse por tal situação. Estava eu em paz e sossego, dos meus anos colhendo frutos diversos quando ela apareceu na minha frente. Era impossível não reparar na sua figura. Um mulherão. E, quando digo mulherão, estou sendo literal. Mais de 1,80m de altura, olhos verdes, morena e vestida num traje multicolorido (adoro roupas coloridas) Foi paixão à primeira vista, ela não tirava os olhos de mim, nem eu dela. Todo na praça perceberam a cena. Poderia ter sido um grande romance. Se ela não fosse tão teimosa. Quando a convidei para ir comigo ela não me respondeu, mas deixou claro que não arredaria o pé daquele lugar. Minha única chance seria carregá-la, mas nunca fui dado a Rômulo para ficar raptando sabinas. Deixei-a, com dor no coração. Não sem antes capturar uma imagem desse nosso encon

Conticulóides sinfônicos

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Allegro ma non troppo Carlos mal conseguia se conter de tanta felicidade, não só estava há poucos dias do seu casamento com a bela Leonora, como acabara de sair da sala do chefe onde fora informado da sua promoção e transferência para um posto internacional na Europa. Só percebeu que caíra numa dissonância quando foi informado que o novo cargo seria baseado em Tirana, para onde Leonora não iria nem morta. Andante poco sostenutto Isadora olhava enternecida para Osvaldo deitado ao seu lado. Ele chegou cansado, jantou e foi descansar um pouco. Apagou profundamente. Os olhos de Isadora se encheram de lágrimas, nunca imaginara que pudesse estar tão apaixonada a ponto de se encantar com o ronco do seu amado. Rondo con brio Mário nunca supôs que poderia haver algum romantismo numa feira internacional de máquinas eletromecânicas, ainda mais considerando que ele era historiador e nunca gostara de física. Mas o prazer que sentia ao acompanhar Alice, sua namorada engenheira, no evento era indesc

Nova taxonomia zoometafórica

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O mundo está mudando rapidamente e junto com ele algumas expressões zoológicas começam a perder o sentido. Por que alguém ainda disca para alguém em telefones que não tem mais disco? Esse é apenas um exemplo, por isso esse blog que é super ultra pós moderno propõe uma nova taxonomia para o uso dos seres hype desse planeta: Cachorros de raça indefinida passam a se chamar Cães Rasga-Sacos (ainda com hífen?), uma vez que ninguém usa mais latas de lixo, mas sacos plásticos. Aliás, outro dia mesmo vi um desses seres usando habilmente suas unhas para perscrutar os restos mortais depositados numa calçada. A velha expressão eufemística de que o gato subiu no telhado deixará de ser usada por moradores de apartamentos onde, dificilmente, os gatos condominiais costumam passear. Pode se usar "o gato foi passear na varanda" ou, nos apartamentos mais modestos, "o gato subiu no parapeito". Considerando os esforços do governo para que todo mundo tenha, ao menos, um carro popular,

Traindo o desafio

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Outro dia, quando publiquei mais uma de minhas traições , um(a) comentarista anônimo me lançou uma provocação. Enquanto eu traia ele(a) desafiava o autor do texto original, ee cummings. Como eu não costumo ficar impassível às provocações, se recebi um desafio à minha traição, resolvi trair esse desafio. Aí vai: Desafiando cummings Não levo teu coração no meu Nem tua alma na minha levo Nem mente, nem corpo, nem nada. Não levo tuas mãos, sorrisos ou olhos De ti nada posso portar comigo Impossível carregar o que não mais existe. O amor nos trançou para sempre Todo seu ser é meu Como o meu é todo seu Nada a levar Nada a possuir. Somos só um Feitos de todo você Todo de mim. Nós. Texto original (autor desconhecido) I don't carry your heart in my heart I don't carry your soul in mine neither your mind nor your body... I don't carry your hands, your smile, your eyes... don't carry anything of you.. 'cause you are not you and no part of yourself exists our love has entwine

A inesgotável antologia de Maio

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Meus leitores continuam afiados. Sorte a minha que me divirto com os comentários que são postados por aqui. No fim, tudo acaba em pizza...quero dizer, em antologia ...me resigno em seguir "plagiando" e obstinadamente, umas receitas culinarias, com desastrosos resultados! Até perdi a vontade de dizer uma gracinha. Meu cérebro está meio-dormindo... ...você quer dar aula de musculação para esses caras? ...você apela para o mais baixo de todos os argumentos... Porque a unica satisfação disto seria a de roubar. Se bobear, você acorda nú. ...será que um dia comi sem limão? ...ter uma tradução mais movimentada e viril. Chatos, curtos e furta cores. Eu não traio Cummings...eu o desafio... ...centrada na apreciação marxista dos componentes... Que coisa mais opressiva, mais tensa, mais angustiante... principalmente no que se refere à "metamorfose dos tormentos... Não sei o que vai acontecer comigo se continuar lendo este blog... À bem da verdade, me sinto melhor falando de bermud

Profecia mortal?

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Eu sempre concordei com o físico Niels Bohr que falava que é muito difícil fazer predições, especialmente sobre o futuro. Mas hoje eu levei um susto. Estava com o computador no Twitter ligado durante a aula de rede sociais do curso de marketing direto que eu coordeno quando vi na barra lateral "RIP David Carradine". Para quem não sabe, RIP a sigla em latim para descanse em paz (Resquiat in pacem). Sim, o cara tinha morrido em Bangkok durante as filmagens que estava participando e, aparentemente, foi suicídio. David Carradine era o protagonista da série televisiva Kung Fu. Até aí, nada demais, pessoas nascem e morrem todos os dias. Inclusive os suicidas (infelizmente). A questão é que, em Janeiro passado eu tinha escrito um texto nesse mesmo blog ao qual dei o título de Kung Fu morreu. No texto eu deixava claro que o morto em questão não era o David Carradine. Aí menos de 6 meses depois o sujeito morre ?!? Será que eu estou sendo influenciado por Tirésias, Nostradamus ou pela

A teia

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Edgar já estava embrenhado há semanas nas cavernas da mata Atlântica. Dedicava-se a pesquisar os diversos tipos de aranhas existentes no Jacupiranga. Na verdade, depois de recolher exemplares de várias espécies, fotografar e catalogar outras, já pensava em encerrar seu tempo selvagem e voltar para a universidade para começar a escrever seu trabalho sobre seus estudos. Juntou suas mochilas com todo o seu material e começou a caminhada de volta. Uma chuva mais forte o obrigou a parar um bom tempo e, quando notou já estava anoitecendo. Teria de passar mais uma noite na mata. Não muito longe de onde estava avistou a boca de uma caverna. Não parecia ser das maiores, mas o suficiente para abrigá-lo naquela noite. Entrou, procurou vestígios de algum animal para se certificar de que não estava invadindo o espaço de alguém. Parecia tudo tranquilo. Descarregou a mochila onde estava seu saco de dormir, se instalou no lugar, comeu apenas algumas bolachas para não ter de abrir o saco de provisões

Contículo adverbial à moda

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Sempre soube muito bem que não se põe calmamente a mão no fogo às cegas mas, o meu jeito de agir às claras e generosamente me fizeram acreditar completamente no que ela me dizia. Em geral, conversávamos frente à frente, caminhávamos lado a lado e eu supunha amorosamente que minha confiança era correspondida. Os dias passavam devagar quando estava à toa ao seu lado, dessa maneira, aos poucos fui me deixando levar. Mal sabia que ela adrede trairia a minha paciente ingenuidade. Não saberia dizer se foi pior ou melhor, me esforcei debalde para entender por que ela fez tudo às pressas e encandalosamente. No mínimo, tal acinte deveria ser feito às escondidas, desse modo eu, bondosamente, não sofreria em vão. Hoje sigo tristemente à pé pelas alamedas, sabendo de cór como a dor chega assim depressa para que viveu docemente o engano. Desse jeito, à vontade e calmamente, a ignoro propositadamente