Mágica

Ele aguardava no meio da rua. O burburinho era grande, a temperatura pequena.

Esperava o momento de adentrar o mundo mágico.

Uma vez, num passado remoto, tinha olhado para todas aquelas imagens. Encantara-se com elas.

Três mundos, balcões, esferas. Relatividade. Tudo muito estranho, tudo muito parecido com ele.

Mergulhou em cada uma delas. Mas nunca conseguira atingir a extensão e a profudidade dos seus significados.

Agora, na fila, esperando pela sua vez, tudo parecia ter um brilho diferente. Uma cor diferente. Muito azul.

Só agora aquela perspectiva que sempre lhe pareceu confusa tinha sentido. A repetição de motivos lhe era prazeirosa.

Caminhou entre os traços, entre transversais do tempo e do espaço.

O brilho daquela luz o guiava desde sempre. Aquela cor o sustentaria para sempre.

Quando saiu já era noite. A lua se mostrava radiante. As imagens gravadas na sua retina e na sua memória.

No entanto, nem a noite, nem a lua, nem as imagens eram permanentes.

A sua felicidade sim.

Comentários

Taty disse…
Às vezes a lembrança da imagem é bem mais bonita do que a da palavra. Beijos de final de semana.
clau disse…
Quando as palavras padroneiam uma descrição, segui-las nos leva à uma satisfação maior que entender o que significam, na verdade. rss

Postagens mais visitadas deste blog

Poemeto sintagmático

Basium, osculum e suavium

Mais ditados impopulares